situation # 1

Lembram quando a mídia televisonada ou impressa dizia que TURISMO É A PROFISSÃO DO FUTURO? Não? Eu lembro... aconteceu em meados da década de 90, muito provavelmente decorrente da criação do PNMT [programa nacional da municipalização do turismo], que pode ser considerado o bisavô do plano nacional de turismo.

Esse tal PNMT objetivava a sensibilização junto ao poder público municipal para que esses, em ações locais fizessem despertar o "virus encubado" do turismo.

O que se teve a partir daí foi uma percepção tremenda da atividade. Sabe aquela amiga da primeira dama da gestão 82-86 que, por uma "sorte tremenda" passou naquele concurso público e foi, de chefe de ação social a diretora de saúde do teu município? Então ela foi engajada no PNMT e sentia-se praticamente uma bacharel em turismo [coisa que, naquela época ninguém imaginava que turismo poderia dar o status de bacharel] sedenta por mudanças e inovações no seu MPT [carinhosamente classificado como município com potencial turístico. Falando nisso, abre aspas, naquela época o município engajado era ou MPT ou MT - município turístico - vai entender, fecha aspas]

Ainda nesse contexto, o país passava pela "realização", com a entrada da moeda estável [e dolarizada, diga-se de passagem] dando a REAL impressão de estabilidade financeira nas milhões de casas com seus televisores ligados na novela das 7.

[Gostaria aqui de abrir colchetes e comentar a ironia do nome de nossa moeda. Pensando bem, deixo para um novo texto... !]

Como a "estabilidade" deu condições momentâneas de melhoria nas casas com as Tevês ligadas, faculdades começaram a pi-po-car no país. E, dentre os cursos ofertados advinha qual estava na moda? Bingo!

Chegou ao absurdo de, no ano de 1998, a oferta ter um crescimento de mais de 500% só no estado do Paraná! Lembro bem que, quando entrei na classe universitária brasileira, apenas 4 instituições de ensino ofertavam a modalidade: UFPR, Unioeste, UTP e UEPG. No final do mesmo ano? Mais de 20!

Mas, de volta ao futuro [ou pelo menos a profissão do...] esqueceram de comentar que turismo gera oportunidades para copeiras, recepcionistas de hotel, o tio do hot dog, já que investidores [leia-se: economistas, administradores, engenheiros, arquitetos... viram em regiões estratégicas do país [Nordesteeee / Bahiaaaa] um grande caça níquel [já que, "sem inflação" as pessoas tinham mais tempo para parcelar o custo do lazer], abrindo então hotéis, restaurantes, bares e consequentemente postos de trabalho em serviços gerais¹...

Falando ainda nas copeiras e recepcionistas, gostaria de salientar a importância desses profissionais [saliento também que não existe nenhum porcento de ironia nessa afirmação] para o bom funcionamento do trade.

Mas saliento também que o futuro tornou-se presente para eles e nao para os [oh!] TURISMÓLOGOS. Por que esses sim, estão a ver navios e, talvez por isso consigam entender a famosa frase de Renato Russo: é preciso ama-aar as pessoas como se não houvesse o amanhã; por que se você para-aar pra pensar, NA VERDADE NÃO HÁ-aa. Ou então, deixam de ver navios para trabalhar neles! Dizem que dá uma grana...

É mais ou menos assim que entendo o futuro do [again: oh!] TURISMÓLOGO, aquele da profissão do futuro... pois quando esse [o futuro, of course!] chega, ele transforma-se em presente, que nesse caso so pode ser de grego!




¹ Juro por Deus que, ao revisar esse texto, estava assistindo Jornal Hoje. A primeira reportagem foi: "pesquisa confirma que sobraram postos de trabalho no Brasil em 2006. O primeiro exemplo? Turismo! Onde? Bahia! Necessidades? copeira, recepcionista... eu juro! Assim como jurei, no dia da minha colação de grau que, como Bacharel em Turismo zelaria pela paz dos povos... só faltou a oportunidade de atuar como tal!

continua...